3 de abr. de 2008

8:2

Quando é hora de parar?
Quando é hora de jogar a toalha e admitir que acabou?
Quando é hora de secar a última lágrima e se levantar, ou se deitar?
Quando seremos menos perfeccionistas e mais tolerantes?
Quando notaremos que apenas poucos conseguem realizar seus sonhos?
Quando notaremos que nossos sonhos sofrem mutações constantes decorrentes de fatos diários e novos aprendizados?
Quando notaremos que é hora de abandonar o barco, porque o fundo do mar é o único lugar em que ele poderá chegar?
Quando notaremos que as mais belas canções são as mais tristes? :

Como saberemos se nosso lugar não é no fundo do mar?
Como saberemos que nossos sonhos se despedaçam à medida que nossa percepção vai ficando cada vez mais aguçada e nosso tempo vai se dissipando?
Como não sentir inveja da minoria privilegiada?
Como erguer a cabeça que ficou por tanto tempo abaixada com vergonha da vida escolhida, ou outorgada a ti?
Como remover o limbo dos demônios acolhidos por nós, por livre e espontânea vontade?
Como preservar o bom senso, a moral, a ética, os bons costumes, quando todos os outros lhe mostram que esse caminho é sempre o mais árduo?
Como não se iludir com o pouco, quando o pouco é muito aos olhos de quem tem tão pouco?
Como ser imune a melancolia estando isolado em uma ilha afastada do mundo? :

Qual a chance que temos de sairmos vivos daqui?
Qual oportunidade de redenção alguém dará a alguém que não quer redenção, pois sabe que a redenção só virá da moléstia de todos os seus pecados?
Qual o grau de insanidade que tem em todo ser humano capaz de ser menos racional que o macaco?
Qual a atitude certa a ser tomada?
Qual a sua responsabilidade para com a vida dos outros?
Qual a fórmula para se atingir o grau mínimo de felicidade?
Qual será a ciência exata para nos transformar em seres extremamente merecedores de receber o dom máximo da vida?
Qual será minha função aqui? :

Por que tanto ódio estampado por algo que dizemos seguir, proferir, exaltar?
Por que tanta inveja das coisas maiores quando as menores coisas são as que carregam consigo a verdadeira felicidade e motivo de saudade?
Por que tanto desperdício de tempo, comida, dinheiro, água, com tanta gente precisando de tempo, comida, dinheiro, água?
Por que o anseio pela morte, se ela virá, mais cedo ou mais tarde?
Por que corremos atrás de empregos que odiamos para fazer parte da sociedade que sempre criticamos?
Por que sinto aconchego na falsidade?
Por que temos medo da dúvida e das nossas escolhas quando elas são o sal da vida?
Por que o ciclo da vida nos faz matar algo para comer, e assim, prolongarmos mais um pouco a vida que não tem sentido? :

Quem poderá nos salvar das nossas próprias atitudes tolas e mesquinhas?
Quem poderá enxergar além do que nos é exposto?
Quem irá ajudar sem recompensa?
Quem irá agradecer a ajuda ocultada pelo não acontecimento?
Quem mudará o curso das coisas?
Quem não hesitará em dizer à verdade que irá prejudicar quem mais ama e beneficiará quem mais odeia?
Quem não correrá sem rumo ou chorará sem motivos?
Quem não buscará a paz onde há apenas trevas? :

O que faremos de nossas vidas para que as mesmas valham a pena?
O que procuraremos em nossa alma para nos aliviar a dor?
O que será feito do mundo quando o mundo sucumbir as nossas pressões?
O que pensarão nossas crianças com nosso exemplo de total abandono, dolo e inconsciência?
O que lhe faz pensar que o seu insucesso é motivado pelo sucesso do outro?
O que fazer para afastar o que lhe faz mal?
O que lhe dá prazer?
O que fazer para esquecer o que seus olhos viram e o seu coração não aceitou? :

Onde podemos nos esconder das atitudes que nos trouxeram até aqui?
Onde ficaremos quando tudo ruir?
Onde a mágica se escondeu e a realidade invadiu nossas esperanças ilusórias?
Onde está o respeito que simplifica todas as nossas ações e traria mais justiça, honestidade e tolerância?
Onde está a coragem que faz com que enfrentemos nossos medos?
Onde está a esperança que corria a conta-gotas em meus tornozelos e que dificilmente chegaria a minha cabeça?
Onde está o amor perante a malevolência dos nossos dias?
Onde estão as lembranças boas que nos fazem abater as más? :

Quanto custa seu prazer?
Quanto custa o seu sonho?
Quanto custa sua dignidade?
Quanto custa seu sono?
Quanto custa suas memórias?
Quanto vale a sua vida?
Quanto custa o seu carinho?
Quanto custa seu bom-senso? :

: Quanto custa sua amizade?
Quanto custa seu amor?

: Onde está o sorriso que fugiu do seu rosto?
Onde está o complemento para preencher o vazio?

: O que é justo dizer na sua hora crítica?
O que somos nós?

: Quem irá sucumbir para proliferar?
Quem irá morrer para prosperar?

: Por que nossas táticas nunca são perfeitas?
Por que nossos caminhos não são independentes?

: Qual a graça em viver entre os dissabores?
Qual a cura da angústia que foi tatuada no cerne?

: Como fazer para disfarçar o sorriso, choro, a raiva, a vingança, o ódio, o amor?
Como não duvidar com a confiança abalada?

: Quando é hora de começar?
Quando choverá rãs?

2 comentários:

Felipe Gomes disse...

Tudo sabemos, tudo mudamos, tudo fazemos perfeitamente, é o que achamos, é o que pensamos, é tudo no que acreditamos, somos cobertos de sabedoria, por isso mantemos uma base sólida e eficaz da sociedade atual, que é apresentada de maneira soberba, caracterizando nossa ingenuidade e arrogância frente os nossos próprios problemas, que convenhamos, são criados por nós mesmos. O mais engraçado é pensarmos que pra tudo temos resposta, que somos sábios mandraques, organizando nossa própria fuga, olhando para todos os lados ao mesmo tempo, e por incrível que pareça, nada encontramos. A verdade é essa, quando somos expostos a realdade, ficamos vulneráveis, e percebemos que não temos respostas, não para algumas perguntas e sim para todas, pois, a explicação mais plausível, ainda é questionável. O mundo é questionável de todos os ângulos, as pessoas também são e enfim a sabedoria, eficácia e serventia de cada um, também!

Agradeço mais uma vez pelas palavras do meu irmãozão Guilherme, pois a reflexão, traz o questionamento e o questionamento, traz a sabedoria!

Obrigado.

Anônimo disse...

E la vai o Ice escrevendo, palavras que desconheço e um modo complicado de certos mortais como eu entender.

Parabéns pelo blog Ice, quando eu for mais inteligente e entender as coisas que você escreve, eu escrevo algo mais sério.