
Eu prefiro assim calado. Prefiro com as luzes baixas, os seguranças expulsando, os copos caídos e a bebida derramada deixando o chão pregando nos pés. Os papéis picados que outrora fizeram parte de toda uma decoração esplendorosa, agora é apenas isso, papel picado. As moedas dos seus bolsos dispersos são a salvação da refeição. Seu resto é meu aditivo. A sujeira enganada pela luz falsa é deixada para trás. O vazio toma conta daqueles que se vão.
Nós apenas limpamos. Limpamos a sua bagunça, limpamos o que você nem se lembra que sujou. Limpamos alegres, felizes, talvez reclamando e duvidando do merecimento daqueles que estavam ali. Talvez sendo chamados a atenção para alguma coisa que nossa percepção perdeu de controle. Mas estamos alegres, com objetivos dispersos e rindo da própria desgraça. O bom humor é fundamental quando se encerra o fim da festa. Nós apenas limpamos a sua sujeira.
Eu prefiro assim calado. Com a vassoura eu varro os enfeites, os restos, as sujeiras maiores, aquelas que ficam aparentes e que rapidamente deixam o ambiente descarregado. As sujeitas maiores são como impropérios corriqueiros de situações desaspercebidas que nos fazem aparentes e de tão aparentes são rapidamente limpas. A vassoura é suficiente para varrer o mal que ela causa. A sujeita maior é apenas algo sonoro, que não causa efeito, que não causa um mal-estar tão grande. Uma pá também se torna suficiente para que a sujeira maior fique fora de visão.
Nós apenas limpamos. Somos invisíveis aos olhos dos outros que evitam de nos olhar. Somos os que deixam vocês à vontade, deixamos tudo pronto para que a festa possa recomeçar. Ganhamos pouco por isso, pouco em valores e nada em reconhecimento. Limpamos tudo de ruim que você possa deixar cair, ou que possa cair de você, não importa. Somos assim, limpamos, essa é nossa meta, fazer com que você se sinta bem, sem que você saiba que estamos ali. Sua meta é simples: Não fazer nada.
Eu prefiro assim calado. O silêncio nos faz entender, ou tentar entender o motivo de tudo aquilo por que nós estamos passando. Se tudo faz parte de um plano que nós traçamos, por que traçamos planos falíveis? Eu vejo em seu rosto a alegria instantânea que se torna apenas um artifício para esquecer da vida inútil, sem feitos, sem sentido e sem precisão pela qual ela se tornou. Seus motivos são tão fúteis quanto a sua existência, o que lhe torna desinteressante, sem graça. Sua cerne se retorce em cólicas e eclode num misto de nojo e solidão. É isso que você se torna, um ninguém que não faz falta, aliás, só atrapalha. Seus olhos não abrem, para não perceberem o mal que você causa, o mal que você se causa, o mal que você espalha. Suas lágrimas são tão automáticas quanto o riso da noite anterior. Você foge do mundo como um escravo foge das chicotadas de seu mestre. Você se torna dependente daqui que te liberta. E nós vemos isso. Sua face trêmula e paralizada.
Nós apenas limpamos. Limpamos a sujeita que impreguina no chão, nas paredes, empestiando o recinto, exalando um misto de lodo, vômito e sangue. A música alta e de qualidade dá lugar ao silêncio ruidoso de seus gemidos, dos seus soluços, dos pigarros. A ultrapassagem dos limites para a necessidade extrema de se resguardar. Seu cérebro murcha. Se paraliza. Olha para o nada como se tudo estivesse sendo visto. E nós vemos isso. Sua degradação total, completa. O êxodo da razão dá lugar a libertação por vias perigosas e estimulantes. Tanta inteligência sendo jogada fora. Nós vemos isso.
Eu prefiro assim calado, no mais, um mop jogando água, um rodo tirando o excesso, um outro mop secando, água quente para melhor resultado, tentando tirar o máximo possível. Dos cantos ao centro, juntando toda a sujeira que se torna um lamaçal. Tudo vai para o ralo, tudo vai para onde não poderá mais ser alcançado. Nós fazemos isso para vocês. Tudo fica claro e limpo, como se a vida ganhasse um novo sentido, uma nova página para ser escrita. Como se uma nova chance surgisse para que você escrevesse tudo novamente. Como se você pudesse começar do zero. Como se uma porta se abrisse e lhe chamasse para iniciar um novo ciclo. Os sentimentos podemos deixar para trás, pois a limpeza nos torna puros. O chão está limpo, claro, simplesmente como se nada houvesse ocorrido na noite anterior. As paredes estão intactas, todas limpas, uma por uma. As portas, os banheiros, o bar, a pista, as mesas, as cadeiras, tudo, absolutamente tudo brilhando.
Nós apenas limpamos. Limpamos aquilo que não nos pertence. Limpamos apenas por ganância própria, para a conquista de nossos objetivos. A vida nos dá chances como esta que nós lhe oferecemos. Os cleaners da vida são assim, te entregam uma nova oportunidade, a cada minuto que passa, a cada momento, a cada dia. A sujeira ~sai completamente, até as mais difíceis, aquelas que são deixadas para não serem encontradas, de forma sutil, mas que quando se encontra, são as mais comprometedoras. São as sujeiras que magoam um coração por completo, as mentiras, as ofensas, as situações que constrangem. São dessas que nos lembraremos, mesmo que nós vemos há pouco tempo, mesmo que nós vemos há muito mais tempo. Não importa. As piores sujeiras são as escondidas, são as mais difíceis de serem limpas, pois elas querem permanecer ali, atrapalhando o andar das coisas, teimando em ficar mesmo não sendo convidada.
Eu prefiro assim calado. Todos trabalhando em serviço, assim como a amizade de duas pessoas, que são como correntes sanguíneas em veias diferentes sendo bombeadas pelo mesmo instrutor. A verdadeira amizade é assim, mesmo separadas, estamos sempre unidos por um fio imperceptível. Portanto, quando as luzes se apagam, quando a música já parou a tempos, quando apenas se houve o guardar das vassouras, dos rodos, e os risos dos cleaners, é sinal de que a chance já foi dada, que o ambiente encontra-se em perfeitas condições novamente. Todo minuto que se passa torna-se uma chance perdida de mudar toda a sua história. Até uma pequena pedra pode mudar o curso de um rio inteiro. A limpeza serve para isso. Para refazermos certas coisas erradas, para removermos a sujeira acumulada da nossa vida. Para juntar os retalhos de felicidade e seguirmos os exemplos para que possamos melhorar a cada dia.
Nós apenas limpamos. E se é para limpar assim, eu prefiro limpar no silêncio, na tranquilidade, na harmonia do meu ser e gozando a calma para a reflexão. Eu prefiro assim calado.
Nós apenas limpamos. Limpamos a sua bagunça, limpamos o que você nem se lembra que sujou. Limpamos alegres, felizes, talvez reclamando e duvidando do merecimento daqueles que estavam ali. Talvez sendo chamados a atenção para alguma coisa que nossa percepção perdeu de controle. Mas estamos alegres, com objetivos dispersos e rindo da própria desgraça. O bom humor é fundamental quando se encerra o fim da festa. Nós apenas limpamos a sua sujeira.
Eu prefiro assim calado. Com a vassoura eu varro os enfeites, os restos, as sujeiras maiores, aquelas que ficam aparentes e que rapidamente deixam o ambiente descarregado. As sujeitas maiores são como impropérios corriqueiros de situações desaspercebidas que nos fazem aparentes e de tão aparentes são rapidamente limpas. A vassoura é suficiente para varrer o mal que ela causa. A sujeita maior é apenas algo sonoro, que não causa efeito, que não causa um mal-estar tão grande. Uma pá também se torna suficiente para que a sujeira maior fique fora de visão.
Nós apenas limpamos. Somos invisíveis aos olhos dos outros que evitam de nos olhar. Somos os que deixam vocês à vontade, deixamos tudo pronto para que a festa possa recomeçar. Ganhamos pouco por isso, pouco em valores e nada em reconhecimento. Limpamos tudo de ruim que você possa deixar cair, ou que possa cair de você, não importa. Somos assim, limpamos, essa é nossa meta, fazer com que você se sinta bem, sem que você saiba que estamos ali. Sua meta é simples: Não fazer nada.
Eu prefiro assim calado. O silêncio nos faz entender, ou tentar entender o motivo de tudo aquilo por que nós estamos passando. Se tudo faz parte de um plano que nós traçamos, por que traçamos planos falíveis? Eu vejo em seu rosto a alegria instantânea que se torna apenas um artifício para esquecer da vida inútil, sem feitos, sem sentido e sem precisão pela qual ela se tornou. Seus motivos são tão fúteis quanto a sua existência, o que lhe torna desinteressante, sem graça. Sua cerne se retorce em cólicas e eclode num misto de nojo e solidão. É isso que você se torna, um ninguém que não faz falta, aliás, só atrapalha. Seus olhos não abrem, para não perceberem o mal que você causa, o mal que você se causa, o mal que você espalha. Suas lágrimas são tão automáticas quanto o riso da noite anterior. Você foge do mundo como um escravo foge das chicotadas de seu mestre. Você se torna dependente daqui que te liberta. E nós vemos isso. Sua face trêmula e paralizada.
Nós apenas limpamos. Limpamos a sujeita que impreguina no chão, nas paredes, empestiando o recinto, exalando um misto de lodo, vômito e sangue. A música alta e de qualidade dá lugar ao silêncio ruidoso de seus gemidos, dos seus soluços, dos pigarros. A ultrapassagem dos limites para a necessidade extrema de se resguardar. Seu cérebro murcha. Se paraliza. Olha para o nada como se tudo estivesse sendo visto. E nós vemos isso. Sua degradação total, completa. O êxodo da razão dá lugar a libertação por vias perigosas e estimulantes. Tanta inteligência sendo jogada fora. Nós vemos isso.
Eu prefiro assim calado, no mais, um mop jogando água, um rodo tirando o excesso, um outro mop secando, água quente para melhor resultado, tentando tirar o máximo possível. Dos cantos ao centro, juntando toda a sujeira que se torna um lamaçal. Tudo vai para o ralo, tudo vai para onde não poderá mais ser alcançado. Nós fazemos isso para vocês. Tudo fica claro e limpo, como se a vida ganhasse um novo sentido, uma nova página para ser escrita. Como se uma nova chance surgisse para que você escrevesse tudo novamente. Como se você pudesse começar do zero. Como se uma porta se abrisse e lhe chamasse para iniciar um novo ciclo. Os sentimentos podemos deixar para trás, pois a limpeza nos torna puros. O chão está limpo, claro, simplesmente como se nada houvesse ocorrido na noite anterior. As paredes estão intactas, todas limpas, uma por uma. As portas, os banheiros, o bar, a pista, as mesas, as cadeiras, tudo, absolutamente tudo brilhando.
Nós apenas limpamos. Limpamos aquilo que não nos pertence. Limpamos apenas por ganância própria, para a conquista de nossos objetivos. A vida nos dá chances como esta que nós lhe oferecemos. Os cleaners da vida são assim, te entregam uma nova oportunidade, a cada minuto que passa, a cada momento, a cada dia. A sujeira ~sai completamente, até as mais difíceis, aquelas que são deixadas para não serem encontradas, de forma sutil, mas que quando se encontra, são as mais comprometedoras. São as sujeiras que magoam um coração por completo, as mentiras, as ofensas, as situações que constrangem. São dessas que nos lembraremos, mesmo que nós vemos há pouco tempo, mesmo que nós vemos há muito mais tempo. Não importa. As piores sujeiras são as escondidas, são as mais difíceis de serem limpas, pois elas querem permanecer ali, atrapalhando o andar das coisas, teimando em ficar mesmo não sendo convidada.
Eu prefiro assim calado. Todos trabalhando em serviço, assim como a amizade de duas pessoas, que são como correntes sanguíneas em veias diferentes sendo bombeadas pelo mesmo instrutor. A verdadeira amizade é assim, mesmo separadas, estamos sempre unidos por um fio imperceptível. Portanto, quando as luzes se apagam, quando a música já parou a tempos, quando apenas se houve o guardar das vassouras, dos rodos, e os risos dos cleaners, é sinal de que a chance já foi dada, que o ambiente encontra-se em perfeitas condições novamente. Todo minuto que se passa torna-se uma chance perdida de mudar toda a sua história. Até uma pequena pedra pode mudar o curso de um rio inteiro. A limpeza serve para isso. Para refazermos certas coisas erradas, para removermos a sujeira acumulada da nossa vida. Para juntar os retalhos de felicidade e seguirmos os exemplos para que possamos melhorar a cada dia.
Nós apenas limpamos. E se é para limpar assim, eu prefiro limpar no silêncio, na tranquilidade, na harmonia do meu ser e gozando a calma para a reflexão. Eu prefiro assim calado.
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